Aquele sentimento que é a plenitude da beleza, que completa totalmente a alma. Ápice do deleite.
Além da felicidade, apogeu. Íntimo, único e lírico. Máximo, lépido e épico. Eu quero.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Acredite na troca de olhares, mas tenha paciência

Incontáveis pessoas passam pela sua vida diariamente. Normalmente você segue com o olhar para baixo, fugindo dos encontros, ignorando a pessoa ao lado. Por vezes, porém, alguns olhares se cruzam. Desses cruzamentos, a maioria termina sendo só mais uma troca qualquer na Praça da Alfândega. Mas, algumas especiais vezes, quando os olhos se tocam, algo fica. Vontade, interesse, curiosidade, frio na barriga. Em um minuto, a partir da energia compartilhada naquela troca de olhares, o seu mundo muda. Intenções, expectativas, suposições e imaginação. Para uma pessoa criativa, ou nem tanto, naquele minuto as possibilidades são infinitas. Tudo pode acontecer. Ele é exatamente quem você gostaria de conhecer hoje. A aura que aquela troca de energia traz para a situação propicia conclusões irrisórias. Que pessoa interessante! Que história incrível! Você precisa saber mais, é tudo o que você precisa agora. Você não tem a mínima ideia de que, apesar da relevância do câmbio energético fornecido pelo toque de retinas, a pessoa na sua frente não é a mesma pessoa na sua mente. Você e suas expectativas, sustentadas pela provável possibilidade de que aquele sentimento realmente signifique algo a mais de que uma simples consequência do calor estonteante de um janeiro em Porto Alegre, criam uma realidade paralela. As borboletas chegaram ali não necessariamente pela atitude concreta da pessoa na sua frente, mas por meio da ideia, da aparente existência de uma conexão, iniciada naquela troca de olhares. A realidade interior não é menos verdade que a realidade exterior e dessa forma elas se mesclam. Mas veja, a sua realidade só vai fazer sentido para você. E é nesse momento que as coisas ficam complicadas. Isso aqui não é um cachimbo. Por mais que a realidade exterior seja um reflexo da sua própria realidade, algo como o mito da caverna de Platão, você realmente sabe o que é uma imagem? Você é, e eu também, prisioneiro do mundo sensível, apesar de viver no mundo inteligível. A imagem é uma representação, um aspecto particular. Isso aqui não é um cachimbo. Você já sabe onde quero chegar. A troca de energias entre duas pessoas é impossível de subestimar e pode tirar o chão de alguém. Mas, às vezes, aquela energia só precisava de movimento, por mais forte que o câmbio tenha sido. Dois dias depois que você cruzou com ele naquela esquina do Menino Deus você consegue refletir sobre as suas vontades. Ele não é um cachimbo. Você consegue lidar com o fato de que ele não é aquilo que você idealizou? Que a conexão que sua mente fez parecer na realidade era o reflexo de algo que estava latente dentro de você mesmo? Ele não é nada daquilo que você imaginou, nunca foi, nunca quis ser, nem imaginava que você estava pensando nessa possibilidade. É uma consequência da pressa com que se vive. Tudo é para ontem. Mais rápido. Mais rápido. As expectativas se criam tão depressa que não há tempo de refletir. Nessa afobação não há tempo para parar por cinco minutos e apreciar o entardecer na beira do Guaíba.
Mas não desista de acreditar na troca de olhares. Viva o agora. E deixe amadurecer.
O tempo cura, deixa nascer. Esteja confortável, sem pressa, com calma. Escolha estar ali para o pôr do sol. Alimente com carinho as suas relações. Dê tempo ao seu coração. Sinta a energia a sua volta.
Use os próximos dois dias para perceber o seu redor. Pense nas pessoas que estiveram ao seu lado nos últimos doze meses. Pense nas pessoas que se mostraram, fracas, defeituosas, quebradas, inteiras para você. Olhe para o lado e reflita por meio da paciência. O que você vê? Ou melhor, quem você vê? Ele é exatamente o que você precisa agora.

Você está exatamente onde deveria estar.

Um comentário:

O essencial é invisivel disse...

Glória! Não estou só nas jornadas de súbita paixão desencadeada por uma troca de olhares ou uma simples mão no cabelo; expectativas e ambições que se desenham na mente em frações de segundo efêmeros como o piscar de olhos suficiente pra que o mais recente objeto de nossas idealizações suma na multidão. Paixões fugazes que vão e vem em corações macios vagando por Porto Alegre, apressados e tropeçando nos olhares alheios.Até hoje pensei viver só.